segunda-feira, 26 de maio de 2008

Interrogação

De onde virá esta ânsia indomável,
Este turpor de gestos,
Este afagar de ideias puras, e mórbidas
Ao mesmo tempo?
Latejam as letras, uma após outra,
Nos dedos, na voz, na boca, como se fossem
Presos riscando na parede da cela;
Mais um dia de pena cumprido.


De onde virão então os silêncios
tristes, de aves já mortas,
De flores já sem raízes...
Este querer, e não querer, viver sem ti,
Esta vontade louca de te possuir,
Este querer morrer sem ter nunca ter sentido
O gosto amargo da vida?...

De onde virá?
A cadência, a música das palavras
Sem terem papel ou gesto,
sem uma voz onde possam nascer,
Que me enreda, afaga-me ao de leve
E abandona-me depois no egoísmo
Latente em mim...

De onde virá por fim,
Este fingir de mim para chorar depois,
Para depois sentir-me só no silêncio
Que invento...
Na procura de resposta que sou eu mesmo?


MAnuel Neto dos Santos





Desde miuda que carrego comigo um livrinho deste querido senhor. Chama-se "O Fogo, a Luz e a Voz" e o facto é que, tem muitas vezes dado voz ao que sinto.
Bem haja pelas suas palavras.

3 comentários:

Anónimo disse...

...quis a fantasia ser apelidada de sonho...
e sonho foi....fantasiando e querendo ser real...
...quis o sonho confundir o mau dormir de toda a gente...
quis ela que o amor e o riso ganhassem ao medo e a desilusao...
ela fantasiosa e pura...deixava para traz os maus pensamentos de quem nao dormia..sei-a de cor...ela pintou e muito o meu mau dormir...voa ...voa...e deixa-me...a tua magia ja fez o seu caminho!

Asa Leve disse...

Agora "perdi-me" ao encontrar-me...
de que cor eram as tuas asas?

Anónimo disse...

brancas...salpicadas por rosa..azul...e negro...muito negro...quem sabe se ja nao pintei as tuas asas_!!!